UNIVERSO CMDV

Os dentes decíduos são os primeiros dentes da criança e começam a aparecer na boca, em média entre os 7 e 8 meses de idade, continuando até ao 30º mês de vida. No entanto, deve ser salientado que a cronologia da erupção é bastante variável, sem que isso tenha qualquer significado patológico (em 1% das crianças o 1º “dente de leite” aparece após os 12 meses de vida). O factor hereditário é um factor determinante nesta questão. Alguns autores, consideram existir uma erupção tardia quando uma criança aos 13 meses ainda não tem dentes e, neste caso, pode justificar-se investigar quais as suas eventuais causas. As mais comuns são as causas idiopáticas (causa desconhecida), mas podem ser familiares ou distúrbios nutricionais ou sistémicos.

Os primeiros dentes a irromper costumam ser os incisivos centrais inferiores (a meio da gengiva de baixo), seguidos pelos incisivos centrais superiores e posteriormente pelos outros até completar a dentição decídua, composta por 20 dentes.

Alguns bebés já nascem com dentes, geralmente com 2 dentes inferiores, na posição dos incisivos centrais. Esta situação é designada por Dentes Natais. Estima-se que um em cada dois mil recém-nascidos nasça com dentes, o que se extrapolarmos estes dados para Portugal teremos cerca de 50 recém-nascidos com dentes. Pode ainda acontecer que irrompam durante os primeiros trinta dias de vida do bebé, sendo assim designados de Dentes Neonatais. A maioria destes dentes pertence à dentição decídua e tem uma forma normal, havendo apenas uma pequena percentagem que corresponde a dentes supranumerários. 

Apesar dos dentes decíduos serem temporários, eles são muito importantes e devem ser tratados com os mesmos cuidados dos dentes permanentes porque:

- estimulam o crescimento do osso (osso alveolar);

- servem de guia e mantêm o espaço apropriado para os dentes permanentes, uma vez que a perda um dente de leite muito antes da época certa, leva ao encerramento do espaço e o dente permanente pode ficar retido e não erupcionar;

- são os dentes com os quais as crianças mastigam e se os mesmos se perdem muito cedo, a criança pode vir a ter problemas de digestão;

- contribuem para a estética da criança uma vez que, embora possa não parecer, para as crianças, manter os dentes bonitos tem um grande valor psicológico; As crianças esteticamente comprometidas têm muitas vezes dificuldades de comunicação e integração social;

- auxiliam na articulação das palavras; É importante no desenvolvimento da fonação, facilitando a pronúncia de fonemas tais como: t, v, f, z, s.

Em muitos bebés, a erupção dentária é assintomática ou provoca um desconforto ligeiro. Contudo, em alguns bebés podem surgir sintomas como nervosismo ou grande irritabilidade, salivação abundante e rejeição do biberão (as gengivas doridas podem provocar incómodo durante a amamentação). Nesta fase, instintivamente, o bebé tentará levar à boca tudo o que apanhar, na tentativa de atenuar a dor desconfortável nas gengivas. Poderá ainda surgir uma febrícula (excepcionalmente acima de 38 ºC). A gengiva torna-se mais vermelha e, por vezes, inchada, no local da erupção do dente em questão.