Piercings orais e as suas complicações
O uso do piercing tem sido realizado, por várias civilizações, com objetivos estéticos, culturais, políticos e religiosos. Os piercings localizados dentro e em torno da cavidade oral, são comuns na língua, lábios, bochecha e úvula, podendo provocar inúmeras condições patológicas.
Língua – É a zona mais usual. No piercing lingual é comum haver edema devido à alta vascularização da língua. Os sintomas comuns após a perfuração, incluem dor, edema, hipersalivação e trauma gengival. Outra consequência séria do piercing na língua é o comprometimento da via respiratória, resultante do edema da língua ou da aspiração da jóia.
Lábio- É possível encontrar argolas em volta da comissura labial ou no centro do lábio. O piercing labial, geralmente é colocado no lábio inferior, por esta razão, quem sofre mais lesões associadas à presença deste piercing é o tecido da mucosa gengival As prevalências da agressividade da fratura e da recessão gengival estão na proporção direta de tempo do uso de piercing bem como, do seu tamanho. A jóia utilizada neste tipo de piercing pode contribuir para a recessão gengival na superfície vestibular anterior da mandíbula, devido a trauma do tecido.
Bochecha – Os piercings das bochechas são coincidentes com a região das “covinhas”. A localização intraoral da jóia, pode levar a uma recessão gengival ou, até, a fraturas dentárias.
Úvula – São muito raros pelo elevado risco de complicações. A estimulação da úvula acentua o reflexo do vómito, que é um fator muito importante durante a perfuração e deve ser evitado a todo o custo. Se a pessoa a quem está a ser colocado este piercing vomitar, existe a possibilidade de a agulha ou a jóia ser deglutida. Em certos casos este piercing pode resultar na bissecção da úvula.
Freio lingual – Das diferentes localizações orais este piercing também é popular, mas pode resultar em complicações. Piercing lingual que é um artefacto que atravessa o freio localizado na face ventral da língua.
Mudar comportamentos e atitudes, principalmente de adolescentes e jovens, é bastante difícil. Dessa forma, é provável que o uso de piercing continue sendo uma prática cada vez mais comum. Para tanto, é fundamental que o paciente que usa piercing oral deva seguir algumas indicações:
- remoção e limpeza diária do piercing;
- execução de uma higienização oral adequada, com especial atenção à língua quando da presença de um piercing lingual;
- evitar hábitos parafuncionais de morder o piercing;
- procurar um profissional de saúde oral caso perceba alterações em dentes ou mucosas e realizar consultas dentárias periódicas para controlo/acompanhamento.
O uso do piercing é uma opção individual, assim, o profissional de saúde oral deve respeitá-la e orientar o paciente da maneira mais objetiva possível, para evitar que surjam consequências negativas decorrentes do uso do piercing oral.